terça-feira, 27 de novembro de 2007

Breve história do bairro


por Paula Arpini

O surgimento de periferias em Porto Alegre está diretamente relacionado ao processo de industrialização e ao êxodo rural que se formou a partir da década de 40. Vários agricultores mudaram-se para as grandes cidades procurando melhores condições de vida, formando aglomerados e vilas urbanas. Em 1965, com a criação do DEMHAB-Departamento Municipal de Habitação, foram removidas diversas famílias para um lugar chamado Restinga, aproximadamente 22 km de distância do centro da cidade. Dentro do projeto “Remover para Promover”, os primeiros habitantes da Restinga (hoje Restinga Velha), tiveram que começar a se organizar coletivamente em busca de melhorias de infra-estrutura, prometidas antes mesmo das remoções. Um dos resultados dessa luta comunitária, através da pressão exercida por essas pessoas junto à prefeitura, foi a construção do colégio José do Patrocínio e a abertura de uma linha de ônibus. Em 1969, os órgãos públicos municipais projetaram um grande núcleo habitacional, que viria a se tornar a Restinga Nova. À medida que as habitações iam sendo ocupadas, havendo retorno aos cofres públicos, os investimentos na Nova Restinga prosseguiam, gerando um grande desnivelamento e contraste entre as duas “Restingas”. O “divisor das águas” é a própria avenida principal do bairro: João Antônio da Silveira. Hoje, este bairro abriga mais de 10% da população de Porto Alegre e sofre problemas de infra-estrutura, tais como saneamento básico, educação e o gradativo aumento da violência.
Na busca de resgatar e possibilitar as histórias dos diferentes bairros de Porto Alegre foi criado, em 1989, o projeto Memória dos Bairros, da Secretaria Municipal da Cultura, sob administração do governo popular. Com a proposta de incluir a voz do morador do bairro, a partir de suas narrativas, o projeto pensava a legitimidade dos moradores em busca de suas memórias.


fotografias de Leopoldo Plentz.

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